O Tribunal do Júri de Coxim condenou Laurenci Antônio de Faria a 12 anos de reclusão pelo crime de feminicídio e a 1 ano de detenção, além de 30 dias-multa, pela posse irregular de armas de fogo e munições. A sentença foi proferida na madrugada de 31 de outubro de 2025 e publicada no Diário da Justiça desta quinta-feira (4). O caso tramitou em sigilo.

 

Segundo a decisão, os jurados reconheceram que o réu matou a companheira dentro da residência do casal, utilizando arma de fogo em curta distância. O juiz destacou, na dosimetria, que o crime foi praticado de forma “fria, consciente e desproporcional”, aproveitando-se da vulnerabilidade da vítima, que não teve chance de defesa.

 

Na fixação da pena pelo homicídio qualificado, o magistrado aumentou a pena-base devido à elevada reprovabilidade da conduta. Considerou, contudo, atenuante a confissão prestada pelo réu, resultando na pena definitiva de 12 anos de reclusão.

 

Quanto ao crime de posse irregular de arma de fogo, o processo aponta que diversas armas e grande quantidade de munições foram apreendidas na casa do réu, todas armazenadas de forma irregular. Por esse delito, foi fixada pena de 1 ano de detenção e 30 dias-multa.

 

Somadas as penas, o réu foi condenado a 13 anos de privação de liberdade, iniciando o cumprimento em regime fechado, conforme previsão legal e gravidade do caso.

 

Laurenci de Faria encontra-se em prisão domiciliar, medida concedida em agosto deste ano pelo Tribunal de Justiça, e deverá permanecer nesse regime até eventual nova decisão da instância superior ou do próprio juízo.

 

A sentença também determinou a perda e destruição das armas e munições apreendidas, bem como os procedimentos de praxe após o trânsito em julgado, como comunicação ao Tribunal Regional Eleitoral e ao cadastro estadual de antecedentes criminais.

 

Feminicídio 

 

O crime aconteceu na madrugada do dia 19 de novembro de 2023. Domingas havia pedido a separação após descobrir que Laurenci estava tendo um caso extraconjugal há 3 anos. O casal morava na zona rural de Alcinópolis, a 311 quilômetros de Campo Grande. Antes de fugir, o homem ligou para o filho e contou sobre o crime.

 

A Polícia Militar informou que foi acionada pelo filho do casal. Ele contou que recebeu uma ligação do pai, por volta das 19h de ontem, em que este afirmava ter matado a esposa. Quando o rapaz chegou à casa dos pais, encontrou a mãe morta e uma arma de fogo calibre 22 - possivelmente a usada no crime - em cima de uma mesa.

 

Domingas de Jesus foi atingida na cabeça e caiu próximo da porta. Suspeitando que Laurenci estava em um dos cômodos da casa, a polícia arrombou o local e encontrou o arsenal. O filho afirmou desconhecer que o pai tinha o armamento.

 

Dois dias depois, ele se apresentou na Delegacia de Costa Rica e foi preso. Em agosto deste ano, teve a prisão domiciliar concedida.

 

Por Ana Paula Chuva