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O policial civil Augusto Torres Galvão Florindo, preso em flagrante na última sexta-feira (28) em Três Lagoas, disse em depoimento à Polícia Federal que, dos R$ 130 mil pagos por uma carga desviada do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco), ficaria apenas com R$ 7 mil. O restante seria dividido, mas ele se recusou a revelar quem seriam os outros envolvidos.
Lotado no Garras desde 2023 e integrante da Polícia Civil desde 2014, Augusto foi preso no estacionamento de um atacadista enquanto recebia parte de um pagamento ilícito. Junto com ele, também foi detido o ex-guarda civil metropolitano Marcelo Raimundo da Silva, apontado como comprador das mercadorias contrabandeadas.
Durante o depoimento à PF (Polícia Federal), Augusto afirmou que havia ido ao local apenas para receber o dinheiro referente à venda de aparelhos eletrônicos e cigarros eletrônicos contrabandeados, negociados com Marcelo.
Ele declarou que receberia R$ 130 mil, dos quais lucraria cerca de R$ 7 mil, porque “não é ganancioso”. Informou também que era a primeira vez que vendia mercadorias para Marcelo. “A gente sabe que é errado... estava fácil”, disse, alegando arrependimento. Afirmou ainda que não foi ele quem realizou a venda, mas que era responsável por “pegar a venda”. Também foram encontrados R$ 20 mil no console do carro particular de Augusto.
Indagado pelo delegado sobre a participação de outros policiais, o servidor evitou respostas diretas: “Essa parte prefiro não falar”. Diante da omissão, a PF (Polícia Federal) vai pedir a quebra de sigilo telefônico de Augusto e de Marcelo para aprofundar a investigação.
As mercadorias negociadas no esquema já estavam em Campo Grande e, segundo o depoimento, haviam sido apreendidas previamente pela própria corporação. Marcelo possui histórico de envolvimento com contrabando e descaminho, práticas pelas quais já era investigado.
Augusto e Marcelo tiveram a prisão preventiva decretada ainda no sábado (29) pela juíza federal Janete Lima Miguel. Ambos permanecem à disposição da Justiça enquanto a Polícia Federal apura a atuação de outros envolvidos no esquema de desvio e comercialização de contrabando.
A ação da PF ocorreu após denúncia anônima informando que uma mulher realizaria o saque de uma grande quantia em dinheiro para pagar propina a um servidor público. Os agentes iniciaram acompanhamento e confirmaram o esquema, interceptando os suspeitos no momento da entrega dos valores
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