A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, representa um duro golpe para a piscicultura nacional especialmente para Mato Grosso do Sul, um dos maiores exportadores de tilápia do País. Exportações em queda No primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou 8 mil toneladas de tilápia para os EUA, um aumento de 52% em relação ao mesmo período do ano anterior. O faturamento chegou a US$ 36 milhões, com 95% dos embarques destinados ao mercado norte-americano, segundo a Peixe BR, associação que representa o setor. Contudo, o cenário mudou drasticamente com o tarifaço anunciado em agosto. A nova alíquota de 40%, somada aos 10% já fixados em abril, elevou a taxação total para 50%, tornando inviável a continuidade das exportações. Setor em alerta “O anúncio recente do governo americano alterou as projeções”, lamentou Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, em entrevista ao Estadão Conteúdo. “A expectativa era de crescimento, mas agora as exportações devem ficar próximas de zero no segundo semestre.” Além da queda nas exportações, o mercado interno também deve sentir os efeitos, com aumento da oferta e concorrência do filé de tilápia importado do Vietnã, o que pode agravar ainda mais a crise. Busca por novos mercados Diante do impasse, a Peixe BR informou que está em busca de alternativas para exportar filés de peixe, especialmente tilápia, para outros mercados internacionais. Impacto em Mato Grosso do Sul Mato Grosso do Sul, que ocupa o 5º lugar na produção de tilápia e o 8º na criação de peixes de cultivo no Brasil, também se movimenta para minimizar os impactos. Durante missão internacional, o governador Eduardo Riedel esteve em Singapura, onde representantes da Associação de Comerciantes de Carne demonstraram interesse em importar tilápia sul-mato-grossense. Municípios como Selvíria, Aparecida do Taboado, Itaporã, Dourados e Mundo Novo são os principais polos produtores, com destaque para a criação em tanques-rede em reservatórios de hidrelétricas. Crescimento apesar dos desafios O setor tem mostrado evolução significativa. Em 2013, o Estado ocupava a 20ª posição no ranking nacional de produção de peixes. Hoje, figura entre os principais produtores. Nos primeiros oito meses de 2024, o abate de peixes no Estado cresceu 66%, passando de 10,1 milhões para 16,8 milhões de unidades.(Com Estadão Conteúdo). |