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Agronégocio
05/07/2024 - 09:22
Com dinheiro dos sheiks árabes, usina de cana bate recorde
Foto: Divulgação
Apesar da estiagem que atinge praticamente todo o Estado desde outubro do ano passado, a chegada do dinheiro dos sheiks do petróleo dos Emirados Árabes Unidos fez com que a usina de álcool e açúcar Santa Luzia, de Nova alvorada do Sul, batesse seu recorde de moagem de cana em junho, chegando a 822.515 toneladas em um único mês. 
 
Em operação desde 2009, o recorde anterior da usina, que pertence ao grupo Atvos (antiga Odebrecht), havia o corrido em julho do ano passado, quando a unidade moeu 814.798 toneladas de cana em um único mês, segundo a assessoria da empresa. 
 
E, por conta do processamento do grande volume de cana, a usina também bateu seu recorde de produção de etanol anidro, com 27.942 metros cúbicos (27,9 milhões de litros), superando o índice anterior, de julho de 2020, quando haviam sido produzidos 27.424 metros cúbicos do combustível.
 
No começo do ano passado, o fundo de investimentos Mubadala Capital, que tem sede em Abu Dhabi, anunciou investimentos da ordem de R$ 3 bilhões ao longo de três anos nas três usinas do grupo Atvos em Mato Grosso do Sul. Por conta destes aportes, em setembro do ano passado as usinas conseguiram superar o estágio de recuperação judicial em que se encontravam desde 2019. 
 
Segundo a assessoria da usina, o desempenho de junho reflete os "bons resultados dos canaviais que, apesar da manutenção da área plantada, recuperaram produtividade mesmo com o clima mais seco no período. Outras iniciativas efetivas são os investimentos no treinamento e capacitação dos colaboradores que a companhia tem realizado ao longo do ano para aproveitar a evolução das tecnologias disponíveis". 
 
Além da usina de Nova Alvorada do Sul, o grupo controla as usinas Eldorado, em Rio Brilhante; e Costa Rica, localizada no município com o mesmo nome, na região nordeste do Estado. Atua ainda nos estados Goiás, Mato Grosso e São Paulo, onde controla mais seis usinas.
 
  
DINHEIRO DO PETRÓLEO
 
Em janeiro do ano passado, a FIP Agroenergia assumiu a participação da Atvos, resultando na compra de 31,5% da empresa. Com o dinheiro injetado pelos árabes, além de colocar as contas em dia, a empresa prometeu elevar para 30 milhões de toneladas a produção de cana-de-açúcar no país.
 
Ao final do investimento de R$ 3 bilhões no Estado, eles prometem aumentar a capacidade de produção de cana em mais de três milhões de toneladas nas três unidades de Mato Grosso do Sul, onde estão empregadas em torno de quatro mil pessoas. 
 
A Santa Luzia, por exemplo, havia fechado a safra anterior, com quatro milhões de toneladas, mas tem capacidade para até 5,5 milhões. A Eldorado, por sua vez, processou R$ 3,1 milhões de toneladas, mas seu potencial é para até R$ 4,1 milhões de toneladas. Em Costa Rica, a capacidade é de cerca de 4 milhões de toneladas por ano. 
 
NÚMEROS DO SETOR
 
Na safra passada, conforme dados divulgados pela Biosul em meados de março, pela primeira vez o volume de cana-de-açúcar no Estado ultrapassou a marca de 50,5 milhões de toneladas. No ciclo 2016/17 haviam sido produzidas 50,2 milhões de toneladas.
 
Desta cana foram extraídos 2,1 milhões de toneladas de açúcar e 3,7 bilhões de litros de etanol, quantidade recorde em Mato Grosso do Sul.
 
O desempenho foi 17% superior ao ciclo anterior e colocou o Estado como o 4º maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil; 4º maior produtor de etanol; 5º maior produtor de açúcar e 4º maior exportador de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN). 
 
Atualmente, 19 unidades estão em operação, todas produtoras de etanol hidratado; 12 produtoras de anidro, duas produtoras de etanol a partir do milho e 10 produtoras de açúcar. Todas as plantas geram eletricidade, somando 2 milhões de MWh de abril a dezembro e 12 exportam o excedente para a rede nacional de energia elétrica.
 
As lavouras de cana se estendem por cerca de 800 mil hectares, ficando atrás apenas das áreas ocupadas pela soja, milho e dos plantios de eucaliptos. Conforme o presidente da Biosul, Amaury Pakelman, o setor sucroenergético está presente em mais de 40 municípios do Estado e é responsável por cerca de 30 mil empregos.
 
 Nery Kaspary/ Correio do Estado
 
 
    
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