As articulações da senadora Tereza Cristina (PP-MS) diretamente com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, para que os partidos de ambos façam uma aliança na disputa pelas prefeituras de Campo Grande e Dourados podem não ter um resultado positivo para os pré-candidatos progressistas Adriane Lopes e Alan Guedes.
O motivo é que há uma disputa entre Valdemar Costa Neto e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, com relação ao lançamento de pré-candidatos do partido nas eleições municipais deste ano em todo o Brasil, o que chegou a provocar até a decretação de uma espécie de “lei do silêncio” para bolsonaristas e qualquer filiado sobre candidaturas de outros partidos.
Segundo apurou o Correio do Estado, o conflito ocorre sobretudo em São Paulo, onde o ex-presidente acena com o apoio a nomes de outras siglas e não alinhados à cúpula do PL, mas já estaria afetando outras praças, incluindo os dois maiores colégios eleitorais de Mato Grosso do Sul.
Em Campo Grande, por exemplo, o PL continua rachado, mas, pelo menos aparentemente, parece que o pré-candidato a prefeito será mesmo o suplente de senador Tenente Portela, cujo nome teria sido indicado por Bolsonaro.
No entanto, a reportagem obteve informações de que a senadora Tereza Cristina já teria alinhado em Brasília (DF) com Valdemar Costa Neto para que o PL não lance candidato na majoritária, entretanto, com o racha entre o presidente nacional do partido e Bolsonaro pode tornar impossível essa aliança na Capital.
Na cidade de Dourados, o problema se repete e o deputado federal Rodolfo Nogueira já lançou como pré-candidata a prefeita a própria esposa, Gianni Nogueira, também indo na contramão do acordo negociado entre a senadora e o presidente nacional do PL.
A esperança é que os ânimos entre as duas principais lideranças nacionais do PL sejam arrefecidos até o dia 20 de julho, quando começa o prazo para partidos e federações possam realizar as convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
PL X PL
Os casos mais evidentes de racha entre Valdemar e Bolsonaro estão em municípios paulistas. Resolução publicada pelo presidente do PL proíbe correligionários de prestarem apoio a nomes de fora do partido onde a sigla tiver candidato nas eleições municipais.
O documento ressalta a possibilidade de abertura de processo ético-disciplinar contra aqueles que desrespeitarem a regra. Guarulhos, por exemplo, é uma cidade considerada fundamental por ser o segundo colégio eleitoral do estado.
Lá, Valdemar quer o vereador Lucas Sanches (PL) como candidato à prefeitura, enquanto Bolsonaro, porém, gravou um vídeo com o líder do governador Tarcísio Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa, o deputado Jorge Xerife do Consumidor (Republicanos).
Em Ilhabela, Valdemar defende apoio à reeleição do prefeito Toninho Colucci (PL), enquanto Bolsonaro apoia a vereadora Diana Matarazzo (Podemos).
Já em São Sebastião, não há consenso em relação ao nome de Reinaldinho Moreira, atual vice-prefeito e defendido por Valdemar a pedido de Tarcísio. Bolsonaro segue defendendo a candidatura de Wagner Teixeira (União).
A diretriz baixada por Bolsonaro já teve consequências no PL do Rio de Janeiro, onde o presidente do partido em Angra dos Reis, Valmir Servolo, pediu ao conselho de ética do partido a expulsão da deputada federal Soraya Santos e da estadual Célia Jordão que estiveram no lançamento da pré-candidatura de Claudio Ferretti (MDB), escolhido pelo prefeito Fernando Jordão (PL) para disputar sua sucessão.
O pré-candidato do PL na cidade é o empresário Renato Araújo, que é amigo de Bolsonaro e atuou na reforma de sua casa de praia em Angra.
PL tem indefinições em seis capitais
A menos de quatro meses das eleições municipais, o PL passa por indefinições e brigas internas em sete capitais: Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Rio Branco (AC), São Luís (MA), Campo Grande (MS) e Curitiba (PR). Em Campo Grande, a sigla já teve cinco pré-candidatos – Marcos Pollon, Coronel David, João Henrique Catan, Rafael Tavares e Tenente Portela. Ainda há chance de apoiar à reeleição Adriane Lopes (PP).
Daniel Pedra
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